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Contribuindo para a evolução do Design digital na América Latina.

Quem já tentou contratar UX designers sabe que essa não é uma missão simples. As empresas estão cada vez mais orientadas ao meio digital, buscando pessoas com experiência na área. Contudo, há uma carência de profissionais no Brasil. Isso é um obstáculo para o crescimento de negócios e equipes. Mesmo com a popularização da disciplina de UX nos últimos anos, a demanda por designers ainda parece maior que a oferta.
Por outro lado, para quem já atua no mercado, um dos principais desafios é defender a visão centrada em pessoas usuárias dentro das organizações. Processos estratégicos e criativos muitas vezes desconsideram etapas importantes para alcançar esse entendimento. A boa notícia é que esse é um momento ímpar para influenciar o desenvolvimento da área. Não existe uma maneira única de fazer UX. Estamos ao mesmo tempo aprendendo e contribuindo.
UX Bootcamp
Alunos da Universidade Belas Artes, 2019
São Paulo, Brasil
Nesse trabalho, assumimos o desafio de criar um workshop sobre UX Design que se encaixasse num único dia. A ideia foi apresentar a atuação de designers dentro de startups de produtos digitais, para alunos com pouca ou nenhuma familiaridade com a área. Diferentemente de um curso de média duração como o da Miami Ad School (mais detalhes no fim dessa página), esse seria um programa enxuto.
Um dos objetivos do trabalho foi contextualizar o modelo de Squads autônomos, com designers atuando de maneira horizontal e com escopos distintos.
No início do programa, dividimos os alunos em 4 grupos e distribuímos briefs específicos dentro de uma empresa hipotética de telecom. Cada grupo – ou Squad – atuava em uma etapa da experiência: aquisição, uso, compartilhamento do serviço e atendimento. O workshop foi dividido em 5 partes: entendendo o problema; explorando ideias; priorizando iniciativas; desenvolvendo soluções; e por fim, testando interfaces.
A primeira e última partes do encontro tinham o intuito de desenvolver o pensamento centrado em pessoas usuárias, através de pesquisas. Nessas etapas exploramos métodos de entrevistas e técnicas para testes de usabilidade. Buscamos colocar o cliente no centro das discussões, desenvolvendo um olhar para fora – tanto no início do trabalho como nas etapas de validação de telas.
Nas partes intermediárias de ideação e priorização, buscamos abordar o pensamento ágil para entrega contínua de valor. Para isso, conectamos o processo criativo dentro de um entendimento mais amplo dos objetivos de negócio e esforço de execução. Através de hipóteses, o grupo pôde entender quais ideias tocariam diretamente na estratégia macro da empresa e como poderiam ser validadas de maneira rápida.
Outro argumento importante do workshop foi a visão sistêmica para execução em Design – através de padrões, tokens e um Design System. Com cases práticos de outras empresas, explicamos a importância da harmonia visual entre Squads distintos. A busca por consistência foi um fator determinante no desenho das interfaces. Através de esboços, os alunos puderam explorar ideias usando uma referência comum.
Esses foram os principais insights levantados após a conclusão do programa:
Conhecimento sobre área
O exercício reforçou a impressão de que UX ainda é um tópico abordado de maneira discreta no ambiente acadêmico. Uma parte significativa dos participantes tinha pouco ou nenhum conhecimento sobre o material abordado.
Divisão por Squads
Esse formato aproximou o grupo da rotina de um profissional – e isso foi visto como um valor importante do workshop. De forma geral, os alunos performaram bem nas atividades em equipe e divisão de tarefas, de acordo com habilidades individuais.
Duração
A principal oportunidade de melhoria foi a duração dos exercícios práticos. Como o volume de conteúdo foi muito extenso, algumas atividades acabaram ficando curtas. Uma sugestão futura seria expandir o workshop para 2 dias.

Criando um curso de UX design
Miami Ad School, 2012-2015
São Paulo, Brasil
Nesse trabalho, assumimos o desafio de criar um workshop sobre UX Design que se encaixasse num único dia. A ideia foi apresentar a atuação de designers dentro de startups de produtos digitais, para alunos com pouca ou nenhuma familiaridade com a área. Diferentemente de um curso de média duração como o da Miami Ad School (mais detalhes no fim dessa página), esse seria um programa enxuto.Há alguns anos, a Miami Ad School propôs um desafio: criar o primeiro curso de UX design para sua grade curricular. Uma folha em branco, começar do zero. A escola forma profissionais para atuarem em agências de publicidade e equipes de criação. Ela oferece várias formações, como design gráfico, liderança criativa e planejamento estratégico. Com a crescente participação de UX nas empresas, a Miami concluiu que era fundamental preparar os alunos para essa transformação.
O objetivo do curso foi apresentar a disciplina de UX e suas aplicações práticas.
Metodologias de pesquisa, estratégia para design, ideação para produtos digitais, arquitetura de informação, design de interação. Esses foram os principais tópicos abordados nas aulas. Durante 4 meses, os alunos exploraram esses conceitos e trabalharam num projeto, em pequenos grupos. Queríamos ter uma combinação ideal entre teoria e prática.
A primeira parte do curso tocou no lado estratégico de UX. Antes de pensar na ideia que ganharia um troféu no sul da França, apresentamos métodos para conhecer usuários – como entrevistas e questionários – e formas de representar seu contexto – como personas e user journeys. Também provocamos uma reflexão sobre o desafio de negócio de maneira mais ampla, considerando múltiplos canais e pontos de contato com o usuário.
Na etapa seguinte, exploramos dinâmicas de ideação. Atividades de brainstorm podem ser feitas com ou sem método – desde que boas coisas saiam de lá. Para esse curso, tentamos mostrar a importância das diferentes perspectivas em um time. Convidamos profissionais de outras áreas, como tecnologia e planejamento para avaliar as ideias dos alunos. Esse feedback misto serviu para enriquecer as melhores ideias.
Por fim, concluímos as aulas com o lado mais prático de UX. Fizemos exercícios de card sorting para categorizar conteúdo em espaços digitais. Também apresentamos as particularidades no desenho de interfaces para sites, apps e outras aplicações. Conceitos como affordances, restrições e feedback foram abordados. Ao final do curso, cada grupo tinha atravessado as diferentes fases do processo de design – desde a visão estratégica até a materialização das ideias.

Pesquisa através de colaboração
Interaction South America 2013
Recife, Brasil
Profissionais de UX entendem a importância da visão estratégica na criação de produtos. Contudo, não raro atividades de pesquisa para design são ignoradas. Por que isso acontece? Uma das causas comuns é a limitação de recursos e tempo em projetos. O caminho natural é definir cronogramas diretamente nas etapas de execução e desenvolvimento. Decisões são tomadas por intuição, pela experiência com projetos anteriores ou pela análise da concorrência.
Essa apresentação propôs uma alternativa para viabilizar a pesquisa dentro de projetos.
Nessa abordagem, equipes internas são envolvidas e as responsabilidades compartilhadas pelo time. O profissional de UX atua não como um centralizador, mas como um maestro; um moderador de recursos. O trabalho, por sua vez, é diluído entre múltiplas equipes.
Em qualquer projeto, métricas de comportamento e uso são imprescindíveis. Elas podem orientar decisões de design se usadas corretamente. Só que muitas vezes esses dados estão protegidos em relatórios, nas mãos de times específicos – como analytics. Por isso perdem seu valor prático. O papel de UX pode ser orquestrar o compartilhamento desse material. É uma habilidade natural compartilhada por designers: reunir as partes e facilitar colaboração.
Outro exemplo importante: apresentação dos entregáveis. Para serem úteis, os resultados devem ser mostrados de maneira simples, agradável. Mesmo sabendo do cuidado e ética na condução da pesquisa, poucas pessoas têm paciência para ler um PDF complicado. Sem problemas. Redatores e visual designers podem ser envolvidos na construção de uma história. O UX é responsável por sintetizar a informação e criar um brief para direcionar o trabalho.
Além de tornar a pesquisa viável, essa abordagem tem efeitos colaterais positivos. Ela inclui mais pessoas no processo de descoberta e entendimento. Ela também diminui distâncias – entre a estratégia e as fases de execução. Assim, a qualidade do aprendizado aumenta significativamente.
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Não existe um método tradicional de fazer UX que funciona em qualquer contexto. Compartilhar conhecimento é uma forma de reconhecer essa naturalidade e moldar o futuro da disciplina.
Tomando decisões mais rápidas
Interaction South America 2016
Santiago, Chile

Marcas como Uber, Everlane e Atom bank mudaram a forma como serviços funcionam. Elas questionaram modelos de negócio há muito tempo estabelecidos. Empresas tradicionais, por sua vez, buscam se reinventar e pensar diferente. Acompanhar essa transformação tornou-se uma questão de necessidade e sobrevivência. Para designers e smart creatives, esse é um momento excelente.
Todavia, muitas companhias ainda estão presas em processos ultrapassados para desenhar produtos. Isso inclui a troca de informação entre diferentes áreas, a maneira como departamentos estão organizados, o tempo de aprovação de artefatos de design. A long and winding road. Nesse contexto, como tomar decisões mais rápidas e eficientes?
Essa apresentação abordou um método para acelerar decisões em grandes empresas.
Por um lado, designers podem ampliar sua visão tática e ter um melhor entendimento do negócio. Tópicos relevantes para reflexão: como a empresa gera lucro e quais são as peças que movem essa engrenagem. O contato frequente com executivos pode ajudar a esclarecer isso. Dessa maneira, é mais simples fazer perguntas. A utilização de War Rooms instalados no campus do cliente, em momentos específicos do projeto, é uma alternativa para essa aproximação.
Da mesma forma, stakeholders com pouca experiência discutindo design precisam de apoio. Sozinhos, não conseguirão avaliar soluções. Design principles são muito úteis nesse caso. Eles estabelecem parâmetros para direcionar o processo criativo. Isso permite que o grupo tenha uma visão compartilhada sobre o que faz uma boa solução de interface, de fato.
Para ideias brilhantes saírem do papel, são necessárias ferramentas que agilizem a tomada de decisão. Isso é ainda mais importante dentro de grandes corporações. Uma linguagem comum entre as partes envolvidas é fundamental para projetos mais complexos e abrangentes. Esse vocabulário compartilhado permite que dezenas, centenas de stakeholders olhem na mesma direção.
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